quarta-feira, 12 de setembro de 2012

POESIA E LITERATURA



Presente Dizagradavi

Ô mamãe o Julião
Que lá no Sã Palo mora
Que é seu fio e meu irmão,
Tendo certeza que agora
Também já chegou aqui
Na Fazenda Cangatí
A energia inergia rurá,
Manda esta coisa pra gente,
O que sai deste presente
Pra mim não vale um juá

Era mió meu irmão
Mandá dinhêro pra gente
Do que a televisão
Que só sai coisa indecente,
Toda vez que eu ligo ela
No charfudo das novela
Vejo maió funaré
Com as brigas da muié
Querendo o marido alheio

Do que adianta tê fama
Ter curso de facurdade
Mode apresentá programa
Com tanta imoralidade,
Sem iscrupo e sem respeito?
Quem faz assim deste jeito
Tá prantando uma cimente
Pra cuiê crime e tristeza,
Tá istragando a pureza
Das criançinhas inocente

É uma coisa medonha,
Eu vejo a maió narquia,
Eu não sabia que havia
Tanta farta de vergonha,
Vi uma moça elegante,
Bonita no mesmo instante
Sua vergonha perdeu,
Andando pra lá e pra cá
Mode se fotografá
Nuzinha como nasceu

Assití televisão
Desta manêra eu não posso,
Não sei pra quê meu irmão
Mandou pra nós esse troço
Que a gente não se acustuma,
Eu vi uma tal de Juma
Toda nua se banhá
Bem desconfiada e sonsa
Que já tá virando onça
Nas terra do Pantaná

Este mundo tá perdido,
Tá na maió perdição,
Mamãe , me faça um pidido
Venda esta televisão
Nem que seja bem barata,
Dela só sai coisa chata
Que é cronta a religião,
Eu já vivo invergonhado
De vê as muié pelada
Que sai na televisão

Estas mocinhas que assiste
As dizagradavi cena,
Programa e novela triste
Que sai palavra obcena
E as fia num vai não vai
Brigando com mãe e pai,
Fartando com o respeito,
No futuro estas mocinha
Vão seguir na mesma linha,
Fazendo do mesmo jeito

Televisão, com certeza
É peça importante e bela
A causa da safadeza
É dos que manobra ela,
Disto eu já vivo ciente,
Se tem novela indecente
E programa sem pudô
Que sai até palavrão
Não é a televisão
É seu apresentadô

Ô mamãe o Prisidente
A maió oturidade,
Pruquê aceita e consente
Tamanha imoralidade?
Ele fala todo dia
Na boa democracia,
De istudo e de inducação
Nesta nação brasilêra
E não acaba a sujêra
Que sai na televisão?

Meu pensamento eu não mudo,
Deus perdôi se for pecado,
Mas veja que disto tudo
O Prisidente é culpado,
Mamãe, porque é que este home
Estas coisas não consome?
Eu pregunto com razão
E quero tê a resposta,
Será que ele também gosta
De vê iscuiambação

Não gosto de nada a tôa
Não aceito este negoço,
A televisão é boa
Mas que os programa é uns troço,
Pra mim não vale um juá
Por isto torno a rogá
Quêra escutá minha voz
Mamãe de meu coração,
Venda esta televisão,
Ela não serve pra nós.

Do livro, Patativa do Assaré: Antologia Poética.




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