segunda-feira, 2 de julho de 2012

POESIA E LITERATURA


Importunância de Campanha Inleitorá



Eu min contrei ternontonte

Cum cumpade Viturino

Tava ele Sivirino

Marido de Guiomar.

Nóis peguemo a proseá

Na budega de Dom dom

Jogano cunversa fora

Quano passô bem na hora

Um carro véio de som.



Ligado em arto volume

Que era fei o istampido

Tampemo logo os zuvido

Pra num ir pro hospitá

Má terminô de passá

Atrevessosse uma moto

Ôto baruio infernal

Dizeno eu sô legal

Só priciso do seu voto.



Eu fiquei arreparano

Falando cum meus butão

Como é a situação

Desse povo canidato

Só home bom e inzato

Apertano a mão da gente

Prometeno miuria

E andano noite dia

Pulas rua surridente.



Tô ficano impaciente

Cum essa arrumação

Lá na vila união

Onde eu moro mais maria

Parece uma rumaria

De pulítico nas carçada.

Abraço véio mijado

Dão chêro em nenê obrado

Inda sai dano risada.



Entro em casa de taipa

Vão batê lá no fugão

Come ovo cum fêjão

Cuma fosse caviar

É obrigado aturá

Cunversa de bebo chato

Mas diz num tem nada não

A dispois da inleição

Todo mundo paga o pato.



Pulítico é bicho gaiato

Parece atô de novela

Passa a noite em sintinela

Chora junto do caixão

Acompanha procissão

De todo santo é devoto.

Vai da missa ao cabaré

Infreta quaiqué banzé

Pra garantí o seu voto.



Uma coisa que eu noto

Nos tempo inleitorá

É vê os caba falá

Em raida e tevelisão

Que nóis samo cidadão

E temo o maió valô!

Eu fico a mi proguntá

Istão quereno zumbá

Da cara do inleitô



Que cidadão é que eu sô

Que desna que fui gerado

Pago um imposto danado

E não gozo do tributo

Não posso prová do fruto

Pranto pros ôto cuiê.

E quano chega essa óra

Aparece sem demora

Gente pra mi aburrecê.



Me acordo cum fuguete

Bem ante do só nascê

E vai inté anoitecê

Sem discançá um momento

Inquanto eu sinto trumento

Cum essa incomodação

Tem gente que tá lucrano

Seu voto niguciano

Sem a menó precupação.



O tá inleitor pidão

Que só veve em cumitê

Lá tá quereno sabê

Proposta de canidato

Quer vê cumida no prato

Dinhêro ô mermo favô.

É ele o maió cuipado

De tê pulítico safado

Corruto e inganadô.



Eu num vejo meu sinhô

Numa isquina um papudim

Seja de tarde ou cedim

Tão tudo no arrastão

Bebe inté cair no chão

E se levanto dizeno

Valei-me meu são cinzano

Dai-me inleição todo ano

Qu'eu quero morrê bebeno.



Inquanto o som vai cumeno

Em rua, praça, ribêra

E um bucado de bandêra

Balança em todo lugar

Tá chegando a Hora agá

Si aproxima o dia dê

Do sujeito incaicá

O butão e sinzolá

De quem vai para o pudê.



É purisso que micê

Pricisa tá preparado

Mode num sê inganado

Uvino farsa premessa.

Num vá cair em cunversa

Que voto num é brinquedo.

Pense bem na óra agá

Qué pra micê num ficá

Chorano e chupano o dedo

Autor: Léo Medeiros

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